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No dia 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água. A data é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos. Na mesma data, a ONU redigiu a “Declaração Universal dos Direitos da Águacom o objetivo de atingir todos os indivíduos, todos os povos e todas as nações, visando o esforço conjunto, através da educação e do ensino, em desenvolver o respeito aos direitos e obrigações anunciados e sugerem, com medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação efetiva. 

Atualmente, a escassez de água é uma preocupação mundial. Está ficando cada vez mais difícil e caro encontrar água de qualidade, devido à poluição de rios, represas e do solo. A poluição da água é a contaminação dos corpos d’água por elementos físicos, químicos e biológicos que podem ser nocivos ou prejudiciais aos organismos, plantas e à atividade humana. A água representa cerca de 70% da massa do corpo humano e seu consumo é fundamental para a nossa sobrevivência. Podemos sobreviver se ficarmos períodos de até 50 dias sem nos alimentar, porém, não é possível ficar mais de quatro dias sem o consumo de água. 

A água também é importante para a produção de alimentos, de energia e de bens industriais de diversos tipos. Mais de 3/4 do planeta é coberto por água, cerca de 97,3% do recurso hídrico está presente nos oceanos (água salgada), sendo imprópria para uso. A água doce representa apenas 2,7% do total, mas 2,4% do total está situado em locais de difícil acesso, em regiões subterrâneas e nas geleiras, sobrando apenas 0,3% da água do planeta para utilização. No Brasil, temos cerca de 12% da água doce disponível no mundo, com a grande maioria (74%) localizada na bacia amazônica. 

Esses dados mostram que o uso responsável da água é um hábito que deve ser adotado por todos. “É um recurso tão presente na vida cotidiana que, muitas vezes, só notamos sua importância quando falta: é assim que muitos de nós tratamos a água potável”, atentam Luciano Zanella e Wolney Castilho, pesquisadores do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Eles informam que o tema selecionado pela ONU para reflexão neste dia 22 de março, em 2019, é Water for all: living no one behind”, (‘Água para todos: não deixando ninguém para trás’, em tradução livre). “A iniciativa nos lembra algo interessante: o ato quase mágico da água surgindo de uma torneira, ao qual estamos acostumados, não é uma realidade para considerável parte da população mundial”, avaliam os pesquisadores. 

Se a falta de água potável parece um fato muito distante, basta relembrar o ocorrido em diversas regiões do estado de São Paulo num passado recente, em 2014 e 2015, quando um período prolongado de estiagem levou o abastecimento de muitas cidades a níveis críticos de escassez. Nessa época, para muitos de nós, o simples ato de lavar roupas ou tomar um banho tornou-se um desafio diário. 

Zanella e Castilho lembram que a situação é muito comum em outras áreas do país. Dados do Plano Nacional do Saneamento Básico de 2013 mostram que no Brasil, em 2010, apenas 60% da população contava com abastecimento adequado. Do restante, 64 milhões (33,9%) de brasileiros contavam com abastecimento precário e cerca de 13 milhões (6,8%) de pessoas, sequer com isso. 

 

Problemas de norte a sul

O caso mais emblemático em território nacional é o do semiárido, que enfrenta períodos de estiagem frequentes e problemas referentes à qualidade das águas nas fontes, muitas delas inadequadas ao consumo humano. Mas há outras regiões em que o acesso à água potável também não é fácil: muitas das comunidades ribeirinhas da região amazônica, povoados construídos praticamente sobre os grandes rios e igarapés, não tem acesso a ela. Nesse caso, o fator limitante não é a falta do recurso, mas a qualidade da água disponível, muitas vezes imprópria para consumo devido a contaminantes”, contam. 

E não é só em regiões distantes que isso acontece. Nas zonas rurais de muitos municípios ou até em alguns nichos específicos dentro de áreas urbanas, inclusive na região Sudeste, por uma série de motivos diferentes, muitas vezes o acesso à água é precário, limitado ou inexistente. 

Segundo os pesquisadores do IPT, uma vez que não existe solução que possa ser aplicada de modo amplo e indiscriminado, é preciso analisar cada situação. Soluções simples, implementadas com os cuidados técnicos necessários, muitas vezes podem ser as mais adequadas. O aproveitamento de águas de chuva, como forma de permitir o abastecimento mais seguro em locais onde o acesso à água potável é problemático, é um exemplo. Intensamente adotado na região semiárida brasileira, também foi uma das soluções complementares de abastecimento mais utilizadas durante o período de escassez hídrica pela qual a região Sudeste passou entre 2013 e 2015. 

Destaque para a ODS 6

Por outro lado, os pesquisadores informam que soluções mais complexas exigem o manejo integrado de águas urbanas, abordando todo o seu ciclo e estabelecendo alternativas para que as águas sejam utilizadas de forma eficiente. Desenvolvimento, avaliação e uso de equipamentos sanitários economizadores, estruturação de programas de uso eficiente de água e acompanhamento de consumo, uso de fontes alternativas como forma de abastecimento complementar e até mesmo o manejo das águas de drenagem urbana, além do correto tratamento dos esgotos gerados para evitar a contaminação de mananciais, podem fazer parte de programas mais complexos para locais onde existe o abastecimento de água potável, mas a disponibilidade hídrica torna-se crítica para guarnecer a população existente. É o caso de um bom número de regiões metropolitanas brasileiras”, ressaltam. 

Não deixar ninguém para trás significa garantir a disponibilidade e o manejo sustentável da água para todos, como estabelece o Objetivo 6 doODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 da ONU, da qual o Brasil é um dos países signatários. Significa olhar para esses locais e buscar alternativas efetivas para garantir o acesso à água, sempre empregando tecnologias adequadas”, observam os pesquisadores do IPT. 

 

É fácil economizar

Uma torneira gotejando desperdiça de 10 a 30 litros por dia; bacias sanitárias e descargas desreguladas somam, no mínimo, 40 litros diários; chuveiro com registro gotejando consome cerca de 1 litro por dia. Esses números assustam você? Imagina, agora, o quanto o volume de água desperdiçada pesa no orçamento doméstico? Para ajudar o cidadão com dicas simples e práticas, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), disponibiliza, na área de Meio Ambiente do seu portal, informações sobre economia e uso racional.  

Confira algumas dicas: 

No banho: O banho deve ser rápido. Cinco minutos são suficientes para higienizar o corpo. A economia é ainda maior se, ao se ensaboar, você fechar o registro. 

Banho de ducha por 15 minutos, com o registro meio aberto, consome 135 litros de água. Se você fechar o registro ao se ensaboar, e reduzir o tempo do banho para 5 minutos, seu consumo cai para 45 litros. A redução é de 90 litros de água, o equivalente a 360 copos de água com 250 ml.  

No caso de banho com chuveiro elétrico, também em 15 minutos e com o registro meio aberto, são gastos 45 litros e 15 litros, respectivamente. A redução é de 30 litros de água  

Ao escovar os dentes: Se uma pessoa escova os dentes em 5 minutos com a torneira não muito aberta, gasta 12 litros de água. No entanto, se molhar a escova e fechar a torneira enquanto escova os dentes e, ainda, enxaguar a boca com um copo de água, consegue economizar mais de 11,5 litros de água  

Ao lavar o rosto: Ao lavar o rosto em 1 minuto, com a torneira meio aberta, uma pessoa gasta 2,5 litros de água. A dica é não demorar!  

O mesmo vale para o barbear: em 5 minutos gastam-se 12 litros de água. Com economia, o consumo cai para 2 a 3 litros. A redução é de 10 litros de água, suficiente para manter-se hidratado por pelo menos 5 dias!        

Ao dar descarga: O vaso sanitário não deve ser usado como lixeira ou cinzeiro e nunca deve ser utilizado à toa, pois gasta muita água. Deve-se também evitar jogar papel higiênico no vaso sanitário, tanto para evitar uma demanda maior de água, como para evitar entupimentos.  

Um vaso sanitário com válvula e tempo de acionamento de 6 segundos gasta cerca de 12 litros. Quando a válvula está defeituosa, pode chegar a gastar até 30 litros. Por esta razão, deve-se manter a válvula da descarga sempre regulada, consertando-se os vazamentos assim que forem notados.  

Desde 2001 estão à venda vasos sanitários que gastam apenas 6 litros por descarga, e vasos sanitários com caixas acopladas que gastam entre 3 e 6 litros por descarga, dependendo da finalidade de sua utilização. 

Sempre que possível, deve-se substituir os vasos sanitários antigos pelos atuais, muito mais econômicos. O valor gasto na substituição é compensado pela redução do consumo e, consequentemente, da conta de água.  

Na próxima reportagem vamos mostrar a importância do reúso de água e algumas soluções que já existem no mercado.  

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