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Falar sobre o consumo consciente é fundamental para o desenvolvimento sustentável em nossa sociedade atual e pensando nas futuras gerações. Com essa visão, o mantra “Pense globalmente, aja localmente”, cunhado na ECO-92, nunca fez tanto sentido para Viviani Manzi, presidente da Fundação Toyota do Brasil. “Quando vejo os desafios mundiais junto ao meio ambiente, reflito sobre como a minha atuação pessoal – em diversos aspectos – pode impactar positivamente”, ressalta.

Ela lembra que os famosos 3Rs da sustentabilidade – reduzir, reutilizar e reciclar – nasceram, justamente, com a assinatura da Agenda 21, um documento que reuniu quase 180 países em torno da busca por soluções para os problemas socioambientais mundiais. “É surpreendente pensar na atualidade desses conceitos três décadas depois, especialmente porque ainda há muito a se fazer para consolidarmos o consumo consciente”, destaca.

Consumo consciente na prática

A executiva conta que a primeira vez que se percebeu diante dessa reflexão foi quando assumiu a presidência da Fundação Toyota do Brasil. “Naquele momento, fiz um balanço da `parte que me cabe deste latifúndio´, como diria Chico Buarque. Será que eu estava fazendo o suficiente para aplicar o consumo consciente? A resposta é simples, apesar de toda a complexidade em que está envolvida, e deve ser parecida com a da maioria de vocês: não, eu não estava fazendo o bastante”, avalia.

Vivian destaca que boas escolhas precisam ser pensadas e, normalmente, agimos no automático. O fato é que se queremos mudar o mundo, precisamos rever nossos valores pessoais e sair do modo “mais fácil” para o modelo “mais consciente”. Isso toma tempo e esforço, principalmente para se munir de conhecimento. “Por isso, para alcançar o consumo consciente de verdade resolvi começar com pequenas ações, que vão desde reduzir o consumo desnecessário de itens até adotar o uso de uma composteira”, comenta.

Repensar os hábitos

Segundo Vivian, não importa na verdade como você decidiu – ou decidirá – começar sua trajetória nesse universo e o caminho que seguirá. A questão é que todos nós precisamos repensar nossos hábitos e mudar nosso jeito de consumir.

O mercado tem ajudado oferecendo bons exemplos, produtos mais “verdes” e muita informação. “Olhando para dentro de casa, na Toyota do Brasil, temos uma boa experiência na produção do Corolla. O projeto Formtap, que tem base na economia circular, reutiliza equipamentos individuais de proteção e uniformes dos colaboradores para a confecção do isolamento acústico dos veículos. São reaproveitados mais de 850 kg de materiais que seriam descartados todos os meses. Esse volume é capaz de abastecer cerca de sete mil veículos”, informa.

Conceito upcycling

Já dentro da Fundação Toyota do Brasil, ela conta que tem o ReTornar como um ótimo exemplo de upcycling. “Este conceito, que também nasceu nos anos 90 com o ambientalista alemão Reine Pilz, propõe a transformação de materiais que seriam descartados em novos produtos, evitando o desperdício e dando um novo ciclo de vida para as matérias-primas”, explica.

E apesar de terem reaproveitado mais de 6,5 toneladas de resíduos da indústria automobilística, economizando 100 milhões de litros de água – o que equivale a 40 piscinas olímpicas -, para Vivian, um dos pontos fortes do projeto é o aspecto humano. “Mais de 1.300 pessoas foram impactadas direta ou indiretamente. Foram produzidos mais de 77 mil brindes, de mochilas a estojos, por mais de 70 costureiras de duas diferentes cooperativas no interior de São Paulo, que passaram por curso de formação e agora possuem renda proveniente desta atividade. Esta iniciativa mostra a importância de conectar de maneira efetiva e eficiente o social com o ambiental”, menciona.

Mas o sucesso do ReTornar, a executiva ressalta que não seria possível se empresas e pessoas não tivessem optado por comprar seus produtos, se não tivessem entendido o valor que reside no projeto e a amplitude de escolher por um mochila que significa mais do que um utensílio. “Por isso, reforço: as escolhas individuais têm o poder de grandes transformações”, diz.

ODS 12

A executiva reforça que apesar de ter se tornado mais consciente e, individualmente, estar contribuindo como pode com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 (Consumo e Produção Responsáveis), estabelecido pela ONU, ela sabe que sempre há como melhorar.

Mas se você não pode começar com grandes ações para aplicar o consumo consciente, aposte em pequenas mudanças. Vivian afirma que os ambientalistas já adicionaram mais dois Rs naquela equação: repensar e recusar. Ou seja, vamos olhar para o ato de consumir com mais profundidade para fazermos escolhas mais certeiras, de maior impacto social e menor impacto ambiental. “E, muitas vezes, isso quer dizer escolher bem um produto, de mais qualidade, para não precisar comprar substitutos, por exemplo. Esta é, definitivamente, a energia da renovação passando pelas nossas mãos. É o nosso compromisso com a ação dentro dos nossos pequenos e grandes universos”, finaliza.

E você? Já pratica o consumo consciente? Quer saber mais dicas sobre o assunto? Então siga o canal ecowords nas redes sociais!