Conta das mudanças do clima supera prejuízos com a pandemia

As mudanças do clima estão sempre nas pautas ambientais. Muitas razões já são conhecidas, como a crise do aquecimento global que afeta várias regiões, porém o economista Sergio Margulis destaca que vamos continuar amargando prejuízos se não mudarmos nossas atitudes com o meio ambiente. Tudo porque o mundo já está perdendo dinheiro com a mudança climática, um rombo que recai sobre setores tão diversos como agricultura, energia e saúde, com impacto ainda mais pesado em regiões como a da América Latina e já supera os gastos provocados com a pandemia da Covid-19.

Este alerta e várias outras reflexões estão no livro Mudanças do clima – tudo o que você queria e não queria saber, lançado no início de junho. A obra pode ser baixada gratuitamente no site mudancasdoclima.com.br . Editado pela Fundação Konrad Adenauer, em parceria com o Instituto Clima e Sociedade, o livro destaca que o enfrentamento do problema climático começa pelo seu entendimento, que não é ficção científica e cuja responsabilidade é de todos nós.

“Devemos agir agora!” é a palavra de ordem de Sergio Margulis nessa publicação, que entre diversas atribuições foi economista de meio ambiente do Banco Mundial, em Washington DC, durante 22 anos. Atualmente é pesquisador Sênior Associado do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS), do Instituto Clima e Sociedade, e da empresa WayCarbon.

Mudanças do Clima geram prejuízos como a pandemia

Segundo o especialista, hoje o prejuízo da mudança climática é três vezes o prejuízo que a economia tem com a pandemia do novo coronavírus. “Não é à toa que, em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou chefes de 40 países para discutir as mudanças do clima. Os EUA querem liderar a questão, que é chave para o desenvolvimento econômico mundial”, afirma o autor.

Com sua ampla experiência na área da Economia, Margulis apresenta uma abordagem didática do desastre ambiental pelo ponto de vista econômico, baseado nos dados mais recentes sobre o aquecimento global. “O objetivo é massificar o assunto para chegar a todas as classes socioeconômicas. Às lideranças empresariais e governamentais para que tomem medidas que não sejam ‘para inglês ver’ e à população para que tome consciência e reivindique”, declara.

O texto discute quem são os responsáveis pelas mudanças do clima, incluindo setores econômicos e classes de renda, geração e consumo de energia, o consumo como causa subjacente; negociações globais; adaptação e pobreza; redução de emissões e o papel do Brasil no contexto mundial, incluindo o controle do desmatamento, entre outros tópicos que abrangem das causas à solução.

Recuperação ambiental

Para Margulis, a mudança climática exige transformação contundente e imediata da economia, por sobrevivência dos mercados e das pessoas. Ele pontua que a grande causa do aquecimento global é o consumo realizado pelos países e indivíduos mais ricos. O prejuízo, no entanto, recai principalmente sobre os mais pobres, que têm menor capacidade de se adaptar e lidar com as novas condições climáticas.

“O carbono terá que ser precificado e nosso modelo de consumo terá que se ajustar, a fim de viabilizar as medidas de redução de emissão de CO2 para uma recuperação ambiental que resguarde a continuidade dos mercados”, destaca o autor.

Segundo Margulis, os acordos mundiais ainda não foram efetivos nesse sentido. “Os limites de emissão de gases poluentes para o mundo não aquecer acima de 2 graus são conhecidos. Eles deveriam ser o ponto de partida para as negociações globais do clima”, comenta o especialista, em crítica sobre Acordo de Paris, que terá seu aguardado terceiro encontro de signatários em novembro, na COP26, na Escócia.

Neste vídeo, Sergio Margulis e André Elkind falam sobre a Mudança do Clima e Sustentabilidade do Planeta em tempos de Covid-19:

https://www.youtube.com/watch?v=BmXPwIW0Vok

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