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No dia 20 de setembro, antecedendo a Climate Action Summit da ONU, em Nova York, EUA, crianças, jovens e adultos do mundo estavam unidos em uma grande mobilização. Elas foram às ruas cobrar medidas rápidas e efetivas para a contenção das mudanças climáticas em níveis seguros para a vida na Terra.

Ao demonstrar o poder das pessoas, os organizadores pretendiam tornar essa semana um ponto de virada na história. “Nós, jovens cidadãos, estamos ao lado dos cientistas, que há décadas vêm pesquisando e nos alertando sobre os riscos que corremos. Segundo 99% dos estudos climáticos, nosso tempo de existência na Terra está se esgotando e, a cada momento sem uma atitude climática efetiva, o risco de um colapso ambiental cresce rapidamente”, explica Nayara Almeida, do Fridays for Future Brasil.

Jovens engajados

Além da greve liderada pelos jovens, em alguns países as manifestações culminaram na Primeira Greve Geral pelo Clima, em 27 de setembro, com o engajamento dos trabalhadores. Juntos, grupos e organizações comunitárias também organizaram ações adicionais durante a “Semana pelo Futuro e pela Justiça Climática”, em tradução literal, que aconteceu entre os dias 20 e 27 de setembro. O objetivo foi conscientizar mais cidadãos sobre os impactos devastadores dos colapsos climático e ecológico que já estão sendo sentidos em todo o mundo, vitimando especialmente as populações mais vulneráveis.

Enquanto isso, a Cúpula do Clima de Nova Iorque, realizada dia 23, não teve discurso de um representante do governo brasileiro. A Organização das Nações Unidas (ONU) havia solicitado aos países que apresentassem um plano com seus compromissos climáticos e selecionou os 63 que tinham os discursos mais inspiradores. A proposta do Brasil, que tinha interesse em falar na reunião, foi vetada. O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, participou da Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira, um dia depois da Cúpula do Clima. Entre diversas considerações, o presidente defendeu a soberania do Brasil sobre a Amazônia.

Ativista sueca

Jovens mostram sua força na mobilização global pelo clima 1

Ativista sueca Greta Thunberg é a principal liderança jovem contra as mudanças do clima – Foto Ernesto Ruscio

A jovem ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que inspirou as manifestações pelo clima na sexta-feira, dia 20, em todo o mundo, expressou sua esperança de que a sociedade tenha atingido um “ponto de virada”. Embora não haja dados oficiais sobre o número de participantes nesses eventos, Thunberg está feliz por serem “milhões” de pessoas.

“Isso não é apenas para mim”, disse a ativista sueca, que incentivou adolescentes e estudantes de todo o mundo a não ir à escola toda sexta-feira sob o lema do protesto “Sexta pelo futuro“.

Ela esteve na Climate Action Summit para acompanhar o que as lideranças mundiais  debateram como saídas para a crise ambiental. Segundo Greta, foi uma oportunidade para milhares de cidadãos em todos os continentes irem às ruas cobrar medidas rápidas e efetivas para a contenção das mudanças climáticas.

“Assumir a responsabilidade”

A jovem tornou-se um símbolo da ação climática desde que começou a faltar às aulas às sextas-feiras para ficar em frente ao Parlamento sueco, em agosto de 2018, pedindo às autoridades para reduzir as emissões de carbono e controlar o aquecimento global. “Vocês precisam assumir sua responsabilidade e fazer isso. E é isso que vamos tentar impulsionar. Mostramos o que podemos fazer, agora eles precisam demonstrar o que podem fazer também”, disse.

Greta tem recebido críticas de uma parcela da sociedade que não considera as mudanças climáticas como algo grave e que pode vir a prejudicar a qualidade de vida das futuras gerações. Para essas pessoas, a menina, por ter uma condição de vida melhor que a maioria dos jovens mundialmente, não deveria usar sua indignação para atacar, por exemplo, governantes que não colocam o tema das mudanças do clima e meio ambiente como relevante em suas pautas.

Ainda bem que existem pessoas como a Greta, que tem tempo relativamente e condições financeiras para se dedicar ao assunto, enquanto milhares de jovens precisam se preocupar com a simples “sobrevivência”. Se um jovem, em cada 1 milhão, puder ajudar de alguma forma, já podemos acreditar em uma evolução positiva em prol da sustentabilidade do planeta e seus habitantes.

Participação do Brasil

No Brasil, mais de 30 cidades participaram nas manifestações dos dias 20 a 27, dentre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Ponta Grossa, Vitória, Manaus e Salvador. Nas grandes cidades, notou-se mais participação de ONGs e outras organizações sociais.

Esta é terceira Greve Mundial pelo Clima que o Brasil participa. A primeira aconteceu no dia 15 de março de 2019 e marcou o nascimento do Fridays for Future no Brasil. Inspirados pelo movimento liderado e criado por Greta Thunberg, jovens brasileiros se mobilizaram de forma totalmente espontânea e online. Em cerca de cinco dias, já estavam organizados em 24 cidades. Depois dessa primeira greve, os atos semanais continuaram acontecendo no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e São Carlos.

A segunda Greve Mundial aconteceu em 24 de maio, já com uma participação maior tanto das cidades quanto dos jovens nas ruas. Foram 37 cidades mobilizadas e o movimento passou a ter núcleos locais efetivos.

Jovens brasileiros

Aos poucos, o movimento iniciado com um grito solitário na Suécia se multiplica no Brasil, país onde os jovens ainda precisam lutar por direitos básicos como o acesso a saúde e educação de qualidade, erradicação da pobreza, saneamento básico e trabalho digno e onde as populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas e pequenas comunidades vivem sob constante ameaça. “Acreditamos que os jovens brasileiros estão num processo de despertar para a pauta climática e aos poucos o movimento ganha garra e forma no Brasil”, explica Nayara.

Atualmente, o grupo é formado principalmente por estudantes do ensino médio, jovens universitários e recém formados com até 29 anos, que estão presentes em todas as cinco macrorregiões brasileiras.

Famílias pelo Clima

Ao lado desses jovens, também está se organizando um movimento de familiares, internacionalmente conhecido como Parents for Future. No Brasil, o grupo se intitula “Famílias pelo Clima” e vem contribuindo para que mais pessoas participem das mobilizações e as reconheçam como um importante meio de transformação. “Este é apenas o começo: estamos conectados local e globalmente e trabalhando em ações para continuar provocando mudanças. Afinal nós somos os adultos, nós estamos nos espaços de decisão e não é justo deixarmos esse fardo para as futuras gerações, diz Clara Ramos, mãe de duas meninas e integrante do Famílias pelo Clima.

Os grupos são suprapartidários. Em diferentes proporções e aspectos, as mudanças climáticas afetam e continuarão afetando a todos, independentemente de posição política e social. E, portanto, esta é uma causa de toda a humanidade.

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