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“Julho sem plástico” é um movimento global que tem como objetivo reduzir a poluição plástica. O movimento, que teve início em 2011, é acessado e discutido no mundo todo durante o mês de julho, guiado pela fundação australiana Plastic Free Foundation. Segundo a organização, das 11,3 milhões de toneladas de resíduo plástico produzidas por ano, apenas 1,28% são recicladas. Esse percentual não é nada perante os mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano no mundo, piorando o estado de poluição no meio ambiente.

A Sea Shepherd, uma das principais ONGs do mundo que defendem e conservam os oceanos e a vida marinha, também destaca dados alarmantes: todos os anos mais de 9 milhões de plásticos chegam ao oceano, matando 1 milhão de aves marinhas e mais de 100 mil animais marinhos.

Plástico: importância da coleta adequada

Reduzir o uso do plástico é uma das condições para continuarmos progredindo com sustentabilidade. Para o conscientizador ambiental e fundador da Oceano Resíduos, Rafael Zarvos, essa questão sempre foi e continua sendo muito crítica. “Criei a Oceano em Junho de 2019, quando a discussão sobre o tema era muito relevante. Vemos que as grandes empresas do mercado que apresentam soluções, acabam focando no descarte empresarial, que não deixa de ser importante, mas ainda não é o suficiente, se no dia a dia, o cidadão não tem acesso à alguma forma de coleta adequada”, explica o empresário.

Entre os produtos descartados de forma incorreta, estão materiais como cotonetes, copos, garrafas, embalagens de produtos de beleza, etc. “Sabemos que já existem os substitutos mais sustentáveis, mas ainda assim, há a preocupação com o uso dos recursos naturais e o acesso à essas opções acabam sendo mais caras, impactando o bolso das pessoas. O ideal seria diminuir o consumo desenfreado, e as vezes até desnecessários. O ponto é a conscientização. A produção do plástico no mundo hoje é muito superior à nossa capacidade de reciclagem deste tipo de resíduo. A conta não fecha, e por isso a urgência em repensarmos as nossas escolhas”, alerta Zarvos.

Embalagens ecológicas

Diversas empresas já estão atentas a esse tipo de problema, readaptando suas embalagens e mesmo a composição dos produtos. A startup Verdê, voltada à curadoria de produtos eco friendly e veganos, faz uma seleção de diversas marcas do ramo de beleza e higiene que destacam esta preocupação. “Queremos atrair todas as pessoas que tenham interesse em proteger o meio ambiente, com atitudes e compras que beneficiem sua saúde e o planeta”, explica Mariana Alves, uma das sócias da startup. O site da Verdê reúne mais de 30 marcas nacionais e importadas como Prema, The Humble Co. e Herbia, entre outras.

A marca Cativa Natureza trabalha com embalagens ecológicas em muitos produtos. Os sabonetes de argila, por exemplo, são envoltos em plástico biodegradável e embalados em papel biodegradável. A Prema Bio Cosméticos também tem essa preocupação, lançando shampoos sólidos (como o de Lavanda e Pracaxi ou Laranja e Aroeira) com embalagens de papel reciclado. O mesmo material embala o sabonete natural de erva doce da Sal Da Terra, enquanto os sabonetes em barra da Verdi Natural são embrulhados em papel celofane vegetal.

Itens da higiene bucal também são alvo de preocupação. Ainda que alguns produtos não tenham descarte imediato, quando jogados fora causam grande impacto. A empresa The Humble Co., por exemplo, tem uma linha de escovas de dente feitas de bambu, que podem facilmente substituir as de plástico e não agridem o meio ambiente, com decomposição muito mais rápida. A marca tem ainda o fio dental vendido na embalagem de papel.

Itens para remoção de maquiagem, geralmente de algodão, podem parecer deslocados desta lista – mas seus recipientes, não. E o uso contínuo requer cada vez mais pacotes. Uma solução é o uso de toalhas faciais, como a da marca Herbia. Com um pouco de água, pode-se remover a maquiagem sem uso de demaquilante, eliminando ainda sujeiras da pele, e pode ser usada por até seis meses.

Itens infantis

Um dos mercados que mais utiliza de plástico e que muitas vezes passa despercebido é o de produtos infantis. Das fraldas aos brinquedos, há um gasto enorme do material, alguns de uso único. As fraldas descartáveis, produzidas com petróleo, celulose de monocultura e partes plásticas, levam mais de 450 anos para se decompor. A empresa Bebês Ecológicos é pioneira no país na produção de fraldas sustentáveis. São itens laváveis e ajustáveis, que o bebê pode usar por muitos meses, combinados a absorventes que podem ser trocados e lavados, e até capas protetoras antivazamentos.

“Existem itens dos quais até esquecemos que têm plásticos, como os brinquedos”, explica Mariana da Verdê. No site, encontra-se a sessão Verdê Kids, com produtos para os pequenos. Além das fraldas da Bebês Ecológicos, há brinquedos de papel e de madeira, que causam um impacto muito menor do que os equivalentes de plástico quando descartados. A marca isralenese Krooom tem quebra-cabeças e figuras de montar feitos de papelão durável 100% reciclável e tinta atóxica. Já a Lume Brinquedos tem peças de encaixar feitos de madeira maciça. A própria Verdê conta com um brinquedo feito todo de algodão e fibra ecológica de garrafas PET recicláveis: A Feirinha Orgânica Passeio, com frutas e verduras de crochê para brincar e educar sobre uma vida mais sustentável.

Reutilização do plástico

Outra empresa no Brasil que vem desenvolvendo um ótimo trabalho é  a Positiv.a, empresa B que cria soluções para cuidar da casa, do corpo e da natureza, convida os consumidores a repensarem seus hábitos de consumo e, sobretudo neste mês, a não utilizarem embalagens plásticas virgens, ou seja, optar por itens que possuem embalagens ecológicas ou que utilizam plástico usado. “Nós acreditamos que o lixo é um erro de design e que não dá mais pra gente continuar consumindo sem pensar no planeta”, afirma Marcella Zambardino, co-CEO da Positiv.a.

A empresa, que possui uma linha de produtos de limpeza e uma linha de autocuidado, transformou no ano passado mais de 13 toneladas de plástico usado em embalagens novas e produziu mais de 714 kg de produtos feitos com redes de pescas retiradas de oceanos. Além de ter reciclado mais de 10 toneladas de papelão para realizar a entrega dos produtos em todo Brasil com matéria-prima que já existia no mundo.

Economia Verde

Na transformação das redes de pesca, a marca também incentiva a economia verde local. Junto com a artista plástica e ambientalista de Florianópolis, Nara Guichon, redes de pesca que estavam poluindo os oceanos são transformadas em esfregões ecológicos, produto ideal para limpeza pesada e que substitui produtos de plástico e com menor durabilidade, além de saquinhos ecológicos, que substituem as sacolas plásticas.

Além das ações que reutilizam plásticos usados, a Positiv.a busca também eliminar o plástico dos produtos tradicionalmente embalados com esse material. “Cada produto Positiv.a contribui para um oceano mais limpo, uma sociedade mais igualitária e um futuro mais promissor para todas e todos. Isso nos motiva a trabalhar a cada dia para um mundo mais sustentável”, finaliza Marcella Zambardino.

Neste vídeo da Casa sem Lixo você confere cinco dicas para reduzir o uso do plástico no seu dia a dia:

 

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