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O mundo que vinha sofrendo transformações profundas frente às megas tendências que nos foram apresentadas como sendo a quarta revolução industrial, ganhou, infelizmente, um inimigo muito forte. O novo coronavírus mostrou, assim como as empresas unicórnios, um crescimento em escala exponencial, assumindo notoriedade de proporções mundiais. A COVID-19 está agindo como um catalisador de mudanças e, sem dúvida, quando essa pandemia for controlada, teremos uma nova realidade no nosso dia a dia, um “novo normal”. Não é possível prever o futuro, contudo, com o passar do tempo e com mais dados e análises, é possível predizer cenários que enfrentaremos no pós-pandemia.

Mundo pós-COVID-19

Já estava evidente, mas o fato de que não existem negócios que sejam totalmente imunes ao momento, fica ainda mais claro. A era das startups, empresas que com pouco capital conseguem assumir dimensões comerciais inimagináveis, veio com tudo e ganhará ainda mais força. Não existe setor econômico, independentemente de suas proporções, que não precise investir em uma transformação digital. Não há mais espaço para o “jeitinho” ou para a famosa “gambiarra” no que tange o mundo digital das organizações. É necessário colocar esse tópico na pauta de estratégia, pois empresas competentes digitalmente e com plataformas sólidas , serão as que sobreviverão e ganharão espaço no pós-COVID-19.

Varejo

Passa por uma mudança acelerada. O e-commerce, que já vinha ganhando escala minuto a minuto, deixa de ser uma segunda opção ou meramente base de consulta de preços, e assume a preferência na opinião das pessoas. Espaços físicos serão substituídos pelas lojas conceito e de experimentação, hubs de “faça você mesmo”, ou seja, serão espaços de vivência e não prioritariamente de compras. As marcas migrarão mais rápido do que se imaginava para o online. Na China a Starbucks já reabriu 95% das suas lojas, contudo registra redução de 40% nas vendas, se comparado com o números anteriores ao coronavírus. As pessoas não consomem mais na loja, elas compram e vão embora, forçando a famosa cafeteria a rever seu modelo de negócio. Os maiores varejistas americanos registram uma redução de 1 milhão de postos de trabalho e as previsões mostram que com a retomada das atividades normais, devem readmitir somente 85%. O comércio tradicional encolherá e isso é uma tendência mundial.

Mobilidade

O setor também sentirá radicalmente o impacto das mudanças. Após o isolamento imposto pelo vírus percebeu-se que viagens de negócios ou a presença no escritório podem ser facilmente substituídas pelas video calls. Viagens de lazer tendem a acontecer em locais com a possibilidade de contato com a natureza e baixa concentração de pessoas. A maneira de se relacionar em nossos trabalhos no mundo pós-COVID-19 mudará de tal maneira que veremos livros referenciando a história em “Antes do coronavírus” e “Depois do coronavírus”. Isso levará a novas técnicas de liderança.

Educação

Está passando por uma quebra de paradigma muito intensa. Os cursos online estão sendo provados no meio da crise e gerarão uma revolução sem precedentes no setor e na forma como se aprende. Com o encapsulamento, aumentou-se muito a geração de conteúdos de boa qualidade e de baixo custo cursos presenciais seguirão a tendência do varejo, passando a ser muito fortes na experiência, e a perda de importância da posse de um certificado, que já ocorrendo nos últimos anos, será ainda mais intensa. As empresas de educação e agências reguladoras do setor, como o MEC, precisarão se conectar com o mercado de maneira ativa, entender as novas necessidades para fornecer os conteúdos necessários para o pós-COVID-19, que estará distante do que as universidades entregaram até então.

Operações

Deixamos o estoque just in time e entra o just in case. Empresas aprenderam que longas cadeias de suprimentos são vulneráveis em situações como essa em que estamos vivendo, assim tendem a terem estoques maiores e a impressão 3D, ganhará um mercado promissor, a fim de reduzir os custos de armazenamento. Os EUA desenvolveram uma cadeia de suprimentos muito sólida e ajustada com a Ásia, em especial a China, nas últimas décadas e, apesar de terem sido negócios lucrativos, levaram os americanos a perderem capacidade tecnológica de fabricação. No pós-COVID-19, a globalização será vista com um olhar mais protecionista pelas nações que sentiram o desabastecimento com o lockdown, assim veremos fortes mudanças nas relações políticas internacionais.

Saúde

Assim como a grande revolução nos sistemas de educação, na saúde não será diferente. Startups de setor estão com alta demanda de trabalho, plataformas de consulta e inteligência artificial para diagnóstico são apenas algumas das novidades no pós-COVID-19. Em função da escalabilidade, consultas tendem a ficar mais baratas e ágeis, levando atendimento de qualidade para todos. Direitos individuais x saúde será um dos grandes debates no mundo pós-COVID-19. A medida em que rastrear individualmente as pessoas é uma maneira eficaz no controle de epidemias, mesmo infringindo a liberdade por ser uma ferramenta muito poderosa a ser usada pelos governos no monitoramento, trará grandes discussões sobre os modelos sociais que estamos habituados. O pós-COVID-19 tende a intensificar pesquisas e sistemas de prevenção contra ameaças reais que nos mostraram o quanto somos vulneráveis.

Trabalho

Naturalmente essa área passará por intensa e profunda transformação pós-COVID-19, forçando pessoas empregadas atualmente a repensar suas carreiras e, até mesmo, sua futura profissão. Assim como o fórum econômico mundial menciona sobre estratégia de aprendizagem das top 10 competências para essa década, será necessário se atualizar o tempo todo, pois tarefas que fazíamos há anos sofrerão mudanças. A capacitação e reciclagem nos treinamentos será contínua termos como “ex-aluno” deixarão de existir, pois cada pessoa precisará se atualizar e capacitar constantemente ou estará desempregada.

Conscientização ambiental

Acredito que o cidadão comum está aos poucos ganhando mais conscientização ambiental com a pandemia porque as pessoas estão notando uma melhora significativa no meio ambiente em vários aspectos. A começar pela redução de emissões atmosféricas, que geram o aquecimento global. Somente na China, o resultado já supera as 100 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, CO2, economizadas, sendo uma redução mundial de 6%. A queda de dióxido de Nitrogênio, NO2, nas últimas semanas chega a 39% em escala mundial.

Aqui, no Brasil, percebemos algumas melhoras também como as praias no litoral paulista e nordestino do Brasil que passaram a ser novamente local de visitação de tartarugas marinhas. Então, as pessoas percebem essa melhora no meio ambiente e talvez voltem dessa quarentena com maior conscientização ambiental. Mas, é claro que iniciativas públicas e privadas são válidas para que esse novo normal tenha essa preocupação de preservar o meio ambiente, incluindo a conscientização ambiental do cidadão comum.

Mercado ambiental

As empresas do setor ambiental também podem garantir seus espaços no mundo pós-pandemia. Empreendimentos dos mais diversos setores já estão sendo obrigadas a se adaptar ao novo cenário. Com as companhias do setor ambiental não é diferente porque ganharão ainda mais relevância no mundo pós-pandemia, para garantir que essa redução da poluição continue.

Para isso, as empresas terão que se adaptar tanto no sentido tecnológico, quando nas relações trabalho. A pandemia vêm ressignificando muitos aspectos da sociedade.

Reciclagem

Serviços ambientais como a reciclagem de eletrônicos, por exemplo, vão ganhar mais força a partir dessa pandemia. A tecnologia é uma solução para a gestão adequada desses resíduos. A COVID-19 irá catalisar modelos de negócios que estejam relacionados com economia circular, compartilhamento, pensamento social, repúdio à obsolescência programada, preservação de recursos naturais e o setor de serviços. O pensamento passará a ser: para que possuir se posso usufruir?

Nesse sentido, encontrar soluções inovadoras para a gestão desses resíduos é fundamental e a tecnologia pode sim ser uma aliada.

Por fim, o momento em que estamos vivendo não pode ser encarado como uma simples fase na qual se corta custos e espera passar, mas como um marco dolorido de transição onde se fazem necessários investimentos estratégicos em novas áreas, novas tecnologias e novos modelos de negócios, pois com as mudanças muitas oportunidades serão criadas para as empresas que agirem rápido e consciência clara do que está acontecendo. O pós-COVID-19 será um renascer, um mundo novo. Não é possível prever exatamente como, mas temos que estar abertos e preparados para nos adaptar com agilidade para o “novo normal”.

Marcelo Souza - CEO Indústrias FOX

Marcelo Souza
CEO da Indústria Fox, pioneira na reciclagem de refrigeradores com destruição dos gases do efeito estufa.

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