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O tema Restauração dos Ecossistemas ganha luz no próximo sábado, 5 de junho, quando comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data marca o lançamento da Década das Nações Unidas para Restauração de Ecossistemas com o objetivo de chamar atenção para a urgência de recuperar ecossistemas degradados e conservar os que ainda estão intactos.

O Brasil enfrenta problemas graves em relação ao meio ambiente, mas também abriga iniciativas pioneiras na restauração e conservação de ecossistemas – muitas delas lideradas por povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares. O projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais mapeou essas iniciativas: são 26 cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias, que além de gerar emprego e renda em seus territórios contribuem com a preservação da biodiversidade, a valorização das culturas tradicionais, a equidade de gênero e a promoção da saúde.

Ecossistemas são fundamentais para a economia

O projeto é fruto de iniciativa conjunta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O ArticulaFito é o maior diagnóstico já realizado no Brasil sobre o potencial produtivo de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias. São chás, colírios, repelentes, hidratantes, azeites para uso na gastronomia e outros produtos da sociobiodiversidade com potencial para mercados diferenciados”, informa Joseane Carvalho Costa, coordenadora técnica e executiva do ArticulaFito  e pesquisadora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

A especialista ressalta que são modelos produtivos protagonizados por agricultores familiares, povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais que movimentam uma economia que não é apenas monetária, mas também social, ambiental, cultural e participativa, constituindo o que chamamos de cadeia de valor.

Andiroba, castanha do Pará e babaçu

A defesa incansável da Floresta Amazônica é marca registrada das cadeias de valor do óleo de andiroba, da castanha do Pará e do azeite extravirgem e farinha de babaçu, que têm povos indígenas e comunidades tradicionais em sua base produtiva.

A extrativista Cledeneuza Maria, do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), denuncia a degradação da Amazônia e enfatiza a urgência de políticas públicas para preservar e restaurar a região que abriga a maior biodiversidade do planeta. “Nós, as quebradeiras de coco babaçu, nos organizamos em cooperativa para fazer um produto bom e vender. Mas agora nos sentimos ameaçadas. Quem se diz dono da terra, os fazendeiros, quer ver a gente longe. Eles querem transformar tudo em pasto! Nós sentimos a morte de cada palmeira e não temos mais a quem denunciar. Mas não vamos desistir nunca de defender a nossa floresta!”, afirma.

Produzida pelo povo Gavião Akrãtikatêjêda na Terra Indígena Mãe Maria-Pará (PA), na Amazônia, a castanha do Pará mapeada pelo ArticulaFito chega hoje a, pelo menos, 18 supermercados nos Estados Unidos. “O povo Gavião trabalha com os castanhais há muito tempo. A atividade faz parte da nossa história, da nossa cultura, da nossa saúde. Hoje buscamos gestão financeira, criamos uma cooperativa e continuamos trabalhando de acordo com nossa tradição e nossos valores, em prol da comunidade e da floresta. O replantio sempre foi uma preocupação e hoje temos o compromisso de passar essa consciência para a gerações mais jovens”, conta Penpkoti Akrãtikatêjêda, filho da cacica Kátia Silene, primeira mulher a ocupar o posto de chefia da aldeia.

Cadeias de valor na floresta

A ativista ambiental Claudelice dos Santos, do Grupo de Trabalhadoras Artesanais e Extrativistas (GTAE), que integra a cadeia de valor do óleo de andiroba, explica que é possível gerar emprego e renda nos territórios sem abrir mão do cuidado com a natureza, a restauração de ecossistemas e a conservação da biodiversidade. “O trabalho com a andiroba traz autonomia e independência financeira para as mulheres extrativistas. Almejamos vender nossos produtos, sim, mas jamais abriremos mãos de nosso solo, de nossa floresta. A parceria com o ArticulaFito tem sido fundamental para conseguirmos enxergar problemas, soluções e pensarmos os caminhos para alcançar o futuro que desejamos”, pontua Claudelice.

A relação das cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU foram tema do seminário on-line “Cadeias de Valor em Plantas Medicinais e a Agenda 2030: contribuições da sociobiodiversidade para reflexão sobre novos modelos de produção para a preservação da vida e da saúde no planeta”. Durante o evento, representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais compartilharam suas vivências e sabedorias, apontando para novos – e necessários – modelos de produção e consumo de fitoterápicos, cosméticos e alimentos.

Você pode assistir ao seminário, na íntegra, acessando o link:

www.youtube.com/articulafito.

 

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