Arquitetura, urbanismo e(m) sustentabilidade

Em tempos com o panorama da Sustentabilidade em importante evidência, nada mais essencial que levar em discussão os rumos nós, a cidade e o futuro tomarão daqui para a frente. E com o título “Arquitetura, Urbanismo e a tal Sustentabilidade”, os arquitetos e professores Joana Gonçalves  (FAU-USP), Moreno Zaidan  (23 Sul, USJT), Rafael Costa (SPUrbanismo, USJT), com mediação de Eduardo Pizarro (LafargeHolcim Foundation, USJT) realizaram um bate-papo com estudantes, convidados e público em geral na manhã de sábado, 24.08.19, na USJT – Universidade São Judas Tadeu – campus Paulista. No mote, tratar a relação entre ambiente e cidade, sem deixar de lado o social e a mobilidade.

Arquitetura e sustentabilidade podem caminhar juntas

Na primeira palestra, Joana Gonçalves fez um panorama da arquitetura dos anos 1930-1960, período de grandes mudanças na área, interrompido pelo período da ditadura militar, explicou a professora na ocasião. Ela destacou alguns edifícios cuja arquitetura priorizou aproveitar

Palestrante – crédito Keli Vasconcelos

recursos como luz natural, vento e a comunicação visual (comunica-se com outros prédios e com a própria cidade por meio de passeios largos, contato com a rua), como o Copan , os do Banco Itaú (esquina com a rua Frei Caneca) e o Conjunto Nacional, ambos na região da Av. Paulista, e o do MEC – Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. “Os projetos arquitetônicos da época tinham intrinsecamente a Sustentabilidade em seu bojo. Eu acredito que a arquitetura, o urbanismo e a própria cidade não podem ser congelados e é possível trabalhar com diversas soluções e novas tendências, desde a base, que sigam o crescimento das cidades, as maneiras como as pessoas as ocupam e suas constantes mudanças”, disse ela em sua apresentação.

Linhas de metrô

Já Moreno Zaidan esmiuçou como foi o projeto da Estação São Paulo-Morumbi, inaugurada em 2018, desde sua concepção até detalhes como o uso de cobertura que se estende, até o terminal de ônibus, em vidro transparente, translúcido e aberturas para melhor ventilação, aproveitamento de corrente de ar e de iluminação. Durante o bate-papo, ele ressaltou a importância de pensar em como atender as necessidades desses usuários das linhas de metrô, principalmente em regiões carentes de mais opções de transporte: “Quando estamos trabalhando em um projeto, devemos estar no lugar das pessoas que usarão esse espaço e as estações de metrô têm essa grande circulação de pessoas. Sem dúvidas, é um grande desafio e também uma alternativa para suprir muitas demandas, em especial a de economia de tempo. Sabemos que nossa malha ainda é muito pequena, comparada a de países da Europa e que lá também há problemas, mas podemos trabalhar da melhor maneira”, ressaltou.

Valor social

Por fim, Rafael Costa contou sobre a participação dele e equipe, composta por Martina Croso Mazzuco, Pedro Lopes de Faria, Pedro de Pádua Salles Domingues, Luiz Fernando Horta O’Leary Filho, André Biselli Sauaia, Daniel Corsi da Silva, do concurso para o projeto de arquitetura e sustentabilidade do setor habitacional QNR06 – Ceilândia, vencedor de 2018. “Quando vimos no edital os itens para a construção desse bairro novo, em uma região carente de Brasília, levamos em conta um ponto muito importante desse tripé que está a Sustentabilidade: o valor social, que, consequentemente, leva à melhoria da economia e do ambiente. Por meio do arranjo social, desencadeia-se a ascensão social, por isso nosso projeto

palestras – crédito Keli Vasconcelos

de arquitetura trabalhou com multidisciplinaridade, com a elaboração de planta para a construção de escolas de capacitação em gastronomia – pela a localidade estar próxima da Feira de Ceilândia -, agrofloresta e administração”, frisou ele no debate.

A conversa terminou com a fala de Eduardo Pizarro, sobre o “Manifesto Ambiental”. Organizado pela professora Joana Gonçalves , o documento que tem como foco propor debates quando a LPUOS, Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo da cidade de São Paulo, pensando na cidade “em múltiplas escalas, dentro e fora, urbanística, social e ambientalmente”. Mais informações neste link.

O debate fez parte da Virada Sustentável, que levou à cidade mais de 600 atrações nos dias 22 a 25 de agosto de 2019. #vireasuacidade

E confira no meu blog, mais imagens dessa palestra aqui.