Falar sobre esse tema envolve muitas questões, como os desafios que ainda enfrentamos no saneamento básico e mostra a importância da conservação da água em diversos níveis. Segundo novo Ranking do Saneamento, 5,5 milhões de brasileiros estão sem água tratada e quase 22 milhões sem esgotos nas 100 maiores cidades. Os dados foram divulgados pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, em seu novo Ranking do Saneamento. Baseado nas 100 maiores cidades do Brasil e com dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) de 2019, a publicação anual avalia os indicadores de acesso à água potável, coleta e tratamento dos esgotos nos cem maiores municípios do país.
Ranking do Saneamento
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O novo Ranking confirma que o País mantém sem serviços de água tratada quase 35 milhões de habitantes, sendo 5,5 milhões nas 100 maiores cidades (população da Noruega). Temos aproximadamente 100 milhões de pessoas sem acesso à coleta de esgotos, sendo 21,7 milhões nesses maiores municípios (população do Chile). O Brasil ainda não trata metade dos esgotos que gera (49%), o que representa jogar na natureza, todos os dias, 5,3 mil piscinas olímpicas de esgotos sem tratamento. Nas 100 maiores cidades, em 2019, descartou-se um volume correspondente a 1,8 mil piscinas olímpicas diárias.
Esses grandes municípios possuem indicadores melhores do que a média nacional e, em 2019, investiram, juntos, 50% de tudo o que país colocou na infraestrutura de água e esgoto. Fazendo uma comparação dos indicadores, entre 2012 e 2019, a população com acesso à rede de água no País evoluiu timidamente (de 82,7% com acesso para 83,7%), assim como nas 100 maiores cidades (de 93,45% com acesso para 93,51%). Em sete anos de comparação, o Brasil saiu de 48,3% da população com rede de esgoto (2012) para 54,1% em 2019, enquanto nos 100 maiores municípios foi de 69,39% para 74,47%. O País tratava, em 2012, 38,7% do esgoto gerado e foi para 49,1% em 2019, enquanto nos maiores municípios o índice passou de 48,8% para 62,17%.
Saúde pública
Para Paulo Engler, diretor-executivo da Abipla – Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional, entre as consequências da falta de saneamento, além da contaminação de rios e praias, preocupa a disseminação de doenças de veiculação hídrica, ou seja, enfermidades nas quais a água é o principal veículo de transmissão (amebíase, giardíase e cólera são alguns exemplos). Segundo dados do Painel Saneamento Brasil, do Instituto Trata Brasil, esse tipo de doença foi responsável pela internação de 233.880 pessoas em 2018. Do total, 2.180 perderam a vida.
As Regiões mais afetadas foram Norte e Nordeste, justamente as que registram os piores índices de saneamento no País. Na Região Norte, 43% da população não tem acesso à água tratada e 89,5% não tem coleta de esgoto. No Nordeste, os índices são, respectivamente, de 25,8% e 72%. “Os números são alarmantes, mas o Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, pode mudar este cenário”, diz Engler.
Marco Legal do Saneamento
O Marco Legal do Saneamento, estabelecido pela Lei nº 14.026/2020, visa atrair capital privado para o saneamento no Brasil, já que, atualmente, o setor público representa cerca de 94% das empresas de tratamento de água e esgoto do País, segundo dados do portal Senado Notícias. Estima-se que sejam necessários aportes de cerca de R$ 500 bilhões para que se atinja a universalização do sistema.
“É um grande investimento, mas é fundamental que se entenda o ganho social e econômico da universalização do tratamento de água e esgoto. Do lado social, a população brasileira será atendida de forma integral com um recurso fundamental para a vida. Doenças e mortes serão evitadas, o que acarreta menos pressão e gastos no sistema público de saúde. Além disso, as obras de infraestrutura vão contribuir com geração de empregos em todas as regiões, gerando ganho em diversas cadeias produtivas, como construção civil, equipamentos e produtos químicos”, analisa Engler.
Dicas para reduzir o consumo em casa
Reduzir o consumo de água é importante para equilibrar as finanças domésticas, sobretudo neste momento da pandemia da convid-19 em que grande parte das famílias está permanecendo mais tempo no lar. Além disso, é uma atitude cidadã e de respeito ao meio ambiente. Edson Suguino, engenheiro da Lorenzetti, dá quatro dicas práticas que podem ser adotadas em casa:
Um banho consciente
Facilmente encontrada no mercado, as duchas com redutor ou restritor de vazão economizam até 80% de água. O dispositivo também pode ser adquirido para instalação em duchas diversas.
Economia ao alcance das mãos
A higiene das mãos é fundamental para a saúde das pessoas, por isso, as torneiras de fechamento automático são alternativas muito recomendadas. “Podemos encontrar no mercado opções que oferecem de 50% a 70% de redução no consumo, e tecnologias diferenciadas, como o sensor eletrônico, que permite a abertura e fechamento do fluxo de água sem contato das mãos com a torneira”, explica o especialista.
Transformando a torneira
É possível tornar qualquer torneira comum em ecoeficiente. Basta instalar o dispositivo economizador. Suguino reforça que “a instalação é fácil e pode ser feita em todos os modelos de torneiras e misturadores de mesa disponíveis no mercado, permitindo 50% de redução no consumo de água, com a possibilidade de até 70%, de acordo com a regulagem e a pressão da água no local da instalação”.
Descarga coerente
O mecanismo de caixa acoplada da bacia, presente em milhares de lares brasileiros, pode ser facilmente substituído pelo modelo de duplo acionamento. A versão simples ou single libera em torno de 6 litros de água por descarga. Porém, o modelo duo flow conta com dois tipos de acionamento, de 3 e 6 litros, garantindo economia de até 50% no consumo a cada descarga.
Neste vídeo você fica sabendo mais dicas para economizar água:
https://www.youtube.com/watch?v=RizHW12jg9U
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